BioQualitá | Manejo baseado na fenologia aumenta eficiência de insumos e produtividade

Manejo baseado na fenologia aumenta eficiência de insumos e produtividade

O Brasil tem grande importância no cenário mundial de produção de alimentos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), nosso país é atualmente o maior exportador de carnes, soja em grão, açúcar, suco de laranja e café, além de estar entre os principais exportadores de algodão, milho e frutas.

Com o crescimento esperado da população mundial e demanda por alimentos leva a agricultura a desenvolver estratégias para garantir a segurança alimentar, sendo necessário estimular o crescimento da produção mundial de alimentos, concentrando esforços no desenvolvimento de sistemas mais sustentáveis.

Por isso conhecer a fenologia das plantas é tão importante! Com conhecimento aplicado é possível aumentar a produção de alimentos com sustentabilidade econômica e ambiental, entregando a possibilidade de realizar cada vez mais um manejo assertivo, atuando no momento certo e na dose certa.

O que é fenologia?

Segundo CAMARA (1998), a fenologia se refere à parte da Botânica que estuda as diferentes fases do desenvolvimento das plantas, como exemplo, germinação, emergência, crescimento e desenvolvimento vegetativos, florescimento, frutificação e maturação.

Esse tipo de estudo constitui uma ferramenta eficaz de manejo que possibilita identificar, por meio da observação dos caracteres morfológicos da planta, o momento fisiológico em que se encontram associadas as necessidades do vegetal que, atendidas, possibilitam seu desenvolvimento pleno. 

Pois nos possibilita entender os seguintes fatos:

  • Possibilita o estabelecimento de relações entre a fisiologia, clima, pragas e doenças e aspectos fitotécnicos, para maximizar o desempenho das plantas;
  • Permite identificar e compreender as relações entre planta e ambiente, entendendo a ação do ambiente e a resposta da cultura em diferentes níveis de desenvolvimento;
  • Permite a identificação e tomada de decisão quanto ao manejo adequado em determinada fase, sempre considerando clima, pragas, doenças e necessidades nutricionais;
  • Serve de base para identificar respostas às diferentes práticas de manejo e como a planta responde a esses fatores do ambiente em relação ao seu potencial genético.

Como se divide a fenologia de plantas e como usá-la na fisiologia?

O período vegetativo (V) é onde a planta está crescendo e produzindo folhas. Começa com a germinação da semente e termina com o início do florescimento. Os estádios vegetativos são identificados pela letra V seguida de um número ou uma letra, que indica a quantidade de nós ou de folhas trifolioladas na planta. A partir de agora conheçamos os estádios fenológicos da soja:

VE: emergência da plântula, onde os cotilédones ficam acima do solo. 

É um estádio crítico ao ataque de pragas e doenças de solo.

VC: cotiledonar, onde os cotilédones se encontram totalmente desenvolvidos e abertos, e as folhas unifolioladas não mais se tocam. 

Também é um estádio sensível ao ataque de patógenos e pragas de solo. Por isso, o monitoramento da lavoura é primordial.

V1: primeiro nó ou primeira folha trifoliolada, onde os bordos das folhas não mais se tocam. 

Neste estádio, inicia-se a nodulação e a fixação biológica do nitrogênio na planta.

V2: segundo nó ou segunda folha trifoliolada, onde os bordos das folhas não mais se tocam. 

Neste estádio, a nodulação deve aumentar e a matocompetição deve ser controlada, por isso, cada produtor deve adotar o manejo e monitoramento da propriedade com base em cada realidade, alguns micronutrientes de suma importância nesta fase para otimizar FBN são: Mo, Co, Ni e Mn.

V3 a V(n): terceiro nó ou terceira folha trifoliolada até o último nó, ou última folha trifoliolada antes do florescimento, onde os bordos das folhas não mais se tocam. 

Neste período, a planta continua crescendo e acumulando reservas para a fase reprodutiva, sendo importante acompanhar marcha de absorção de nutrientes e estimular a planta nutricional e fisiologicamente para desenvolvimento pleno e acúmulo de energia.

Nas nossas redes sociais, esses temas sempre são abordados. Recentemente, a BioQualitá publicou no Instagram sobre a fenologia da soja no estágio vegetativo. Clique aqui e confira!

O período reprodutivo (R) é onde a planta está formando flores, vagens e grãos. Começa com o florescimento e termina com a maturação dos grãos. Os estádios reprodutivos são identificados pela letra R seguida de um número ou uma letra, que indica o grau de desenvolvimento das estruturas reprodutivas na planta. Agora conheçamos cada estádio reprodutivos:

R1: Início do florescimento, onde há pelo menos uma flor aberta em qualquer nó da planta. 

Neste estádio, a planta entra no período crítico ao estresse hídrico e à deficiência nutricional devido sua alta competição de energia entre flores, folhas e raízes, sendo importante manejo nutricional e estímulação. Importante citar que é a fase em que ocorre o primeiro pico de fotossíntese e FBN.

R2: Florescimento pleno, onde há uma flor aberta no nó superior da planta. 

Neste estádio, a planta atinge o máximo de altura e número de nós, além de ser um momento crucial na definição do componente de rendimento mais importante (número de vagens/m²).

R3: Início do enchimento de vagens, onde há pelo menos uma vagem com 5 mm de comprimento em qualquer nó da planta. 

Neste estádio, a planta inicia o processo de formação dos grãos e demanda mais água e nutrientes. 

R4: Enchimento pleno de vagens, onde há pelo menos uma vagem com 2 cm de comprimento no nó superior da planta. 

Neste estádio, a planta atinge o máximo de número de vagens e grãos por planta. É o período mais crítico da produtividade, devido ao risco de abortamento das estruturas reprodutivas.

R5: Início do enchimento de grãos, onde há pelo menos uma vagem com um grão que ocupa 50% do espaço interno no nó superior da planta. O processo de enchimento de grãos tem início na fase R5. Essa etapa é composta por cinco fases distintas, cada uma delas representando um estágio crucial no desenvolvimento dos grãos, sendo: R5.1, R5.2, R5.3, R5.4 e R5.5.

Neste estádio, a planta inicia o processo de acúmulo de matéria seca nos grãos e é o mais sensível ao estresse hídrico. É nesta fase que ocorre o segundo e maior pico da atividade fotossintética e da FBN, fase chave para definição do componente de rendimento: peso de grão e momento chave para monitoramento e manejo da nodulação, pois esta fase demanda muito N.

R6: Enchimento pleno de grãos, onde há pelo menos uma vagem com um grão que ocupa todo o espaço interno no nó superior da planta.

Neste estádio, a planta atinge o máximo de peso dos grãos por planta e inicia o processo de senescência das folhas.

R7: Início da maturação, onde há pelo menos uma vagem com cor típica da maturidade em qualquer nó da planta. 

Neste estádio, a planta completa o ciclo reprodutivo e inicia o processo de secagem dos grãos e das vagens.

R8: Maturação plena, onde 95% das vagens têm cor típica da maturidade. 

Neste estádio, a planta está pronta para a colheita e os grãos têm umidade ideal para o armazenamento.

Clique aqui e confira, em nosso post do Instagram, as imagens de cada período do estágio reprodutivo. 

Conclusões

Ao acompanhar a fenologia de uma determinada espécie, considera-se

principalmente sua “idade fisiológica”, e não apenas sua “idade cronológica”. Essa última apresentará melhor nível de precisão quando as condições ambientais e de manejo forem favoráveis ao crescimento da cultura.

A fenologia da soja é uma ferramenta importante e necessária para os produtores que desejam maximizar o potencial produtivo de suas lavouras, por considerar a planta e suas necessidades.

Marcos Gambi
Agrônomo de Desenvolvimento de Mercado – BioQualitá